As mulheres, principalmente as mulheres, são amigas do espelho. Ele reflete a beleza da mocidade, a perfeição da maquiagem, o volume dos cabelos, as formas do corpo. Não só as mulheres. Visitamos o espelho pelo menos duas ou três vezes ao dia. Faz parte do quotidiano das pessoas.Mas, assim como revela a beleza do corpo, também expõe as deformidades, as primeiras rugas, pequenas manchas na pele. O espelho é amigo confidente, mas fiel. Irritantemente fiel. Acompanha passo a passo nossas transformações corporais, do nascimento à morte. Vê em primeira mão os primeiros traços de nossa velhice, os primeiros cabelos brancos.
Nesta circunstância, às vezes é visto como um inimigo. Inimigo mudo. Por que falar? A imagem diz tudo. Nós é que interpretamos a imagem nele revelada. Creio haver pessoas que protestam e fazem abstinência de espelho. Não adianta. Ao retornarem a ele, verificam que realmente os anos da juventude se foram.
Minha ênfase às mulheres não é de nenhuma forma pejorativa. Sabemos que o cuidado com o corpo faz parte da alma feminina. É-lhe intrínseco.
A Bíblia é o espelho da alma. O espelho reflete a superfície do corpo; a Bíblia, os subterrâneos do nosso ser. “Penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”. O espelho mostra os contornos físicos; a Bíblia, o mais profundo de nossos sentimentos.
A Bíblia revela com precisão nossos defeitos espirituais. Por isso, muitos se afastam dela. Não a aceitam. Ela coloca às claras nossa rebeldia. Mostra todos os monstros que alimentamos em nosso interior. Não apenas monstros. Revela também nosso lado positivo, boas intenções. Ela denuncia, principalmente, o nível de nossa comunhão com o Criador. Aqui é que o homem vê o quanto está alienado de Deus. O quanto é um miserável pecador.
Não adianta adiar o confronto. Não adianta odiar a Bíblia, em razão de sua ação acusadora. Há revelações divinas escritas no âmago da consciência dos homens. Dessas não podemos fugir.
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